Sábado passado me enfiei num ônibus às 23h15 para Campinas. Foram quase sete horas de travessia insone. Cheguei às 5h40 de domingo com as olheiras ainda mais escuras, e trêbada de sono. Voltei para casa 30 horas depois. Cansada, mas feliz. Fui dar um abraço numa amiga que vai morar nos Estados Unidos. A maratona me fez lembrar de uma das coisas mais bacanas que já fiz na vida.
Em outubro de 2004, tentava curar a ressaca de Madri. Meu corpo estava no Rio, mas a cabeça deixei na Rua Marqués de Lozoya. Foi nesse endereço que cumpri o último rito de passagem de filha para mulher independente: tive que aprender a me virar nas tarefas domésticas, não sem antes tingir minhas meias e blusas brancas de azul claro, graças à calça jeans que as acompanhava na máquina de lavar. (Sim, papai e mamãe sempre me deram boa vida!) Lá também tomei meu primeiro porre. Em fevereiro daquele ano, Marce, Esteban, Caro, Rodrigo e Renzo entraram comigo no apartamento. E não saíram mais da minha vida.
Três semanas depois, em novembro, com o coração aos pulos, desço do táxi em Buenos Aires, de madrugada. Toco o interfone e abraço a Caro, às lágrimas. Meu cúmplice e mentor da surpresa internacional, o peruano Renzo, já havia chegado. Doentes de saudade, resolvemos tomar um avião e surpreender os argentinos, que não víamos desde agosto. Simples assim, como se fôssemos dois cariocas combinando uma ida à praia no Rio. Marce, incrédula, tropeçou em nós dois na rua, arrancada de um jantar às pressas pela Caro, que inventou um problema urgente para convencê-la a aparecer na sua casa à 1h.
No dia seguinte, Esteban chegaria de Mendoza para uma prova, igualmente desavisado sobre os visitantes. Caro e Marce esperavam-no na plataforma da rodoviária. Mas quem elas viram primeiro, descendo de outro ônibus, foi o Rodrigo. O gaúcho foi laçado para a aventura na fronteira, recém-chegado da Europa. Ganhou um grito de alegria da Caro e um abraço trêmulo da Marce, assombradamente emocionada com a abrupta reunião da turma.
De lá para cá, sigo meus Fab Five pela América Latina: com eles já mergulhei no Caribe, subi o Wayna Picchu para ver as mais famosas ruínas incas e descobri a montanha arco-íris de Purmamarca. Através deles, conheci mais gente interessante. Por eles, transformo em virtual a distância real que nos separa.
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