quinta-feira, 22 de maio de 2008

O Rei do Rio

Eles estão por toda parte. Onde quer que você vá no Rio tem um gaúcho. Na casa em frente a dos meus pais tinha um do tipo caricatura, com bigodão. No meu trabalho há pelo menos 'trées'. A namorada do meu irmão não é de lá mas usa 'capaz' como vírgula e bebe chimarrão com a mesma freqüência com que eu tomo mate gelado. Hoje, a tietagem explícita de uma colega ao mais carioca dos gaúchos -- que ela encontrou na praia, claro -- me levou de volta a minha primeira viagem a Porto Alegre, em 2006.

O papo começou no Jornalismo e acabou no futebol.

- O cara ganhou uma Libertadores e o Campeonato Mundial para o Grêmio, era ídolo do Brasil todo, mas foi para o Rio e mudaram o nome dele - me dizia o gremista, chateado.

- Ele não é Renato Gaúcho! Ele é O Renato!!! - completou, indignado, e ainda não resignado, 20 anos após o craque ter se mudado para cá e ganhado o apelido que o diferenciava dos xarás da bola.

- Os outros que mudassem de nome, ele NÃO!!!

Para mim é impossível imaginar a arquibancada festejando o jogador sem aquela cadência RENAAAATO... GAÚÚÚÚÚCHO, batendo palmas com as mãos para cima. Não dá para soltar um RENAAAATO PORTALUUUUUPPI. Mas ele tá identificado assim na página oficial do Grêmio na Internet, na galeria dos heróis do clube. Só no pé da matéria admitem que ele "carregaria para o resto da carreira" o apelido famoso. Orgulhosos, os sulistas não reconhecem na alcunha uma homenagem às coisas boas do Sul. Quando ele aparece por lá, o Olímpico ainda vibra de saudade. Soltam um RENATOOOO ou simplesmente NAAAAAAAATO, que, fala sério, é fofo demais e não combina com ele.

Pois nunca se soube que o atleta se incomodasse com o novo nome. Graças a esse batismo as novas gerações sabem sua origem já que ele adotou o carioca way of life: virou craque no futevôlei, fez da praia seu quintal e, aos pouquinhos, foi transformando a marra em malandragem. O sotaque ele botou na mala e despachou para o Rio Grande do Sul faz tempo.

Tudo bem, se os riograndenses se ofendem com o Gaúcho que grudamos nele, podemos mudar isso. Agora ídolo também dos tricolores daqui e com a mão já roçando a taça da Libertadores, teremos orgulho de rebatizá-lo, definitivamente, de Renato Carioca. E fazer ecoar um ARRA, URRU, O RENATO É NOSSO!!!

P.S.: Pai, Dinho, não troquem a fechadura de casa. No fundo do meu peito continua batendo, calada, uma cruz de malta. Eu juro!!!!