Há um lugar aqui no Brasil onde criancinhas se recusam a sentar no colo de um Papai Noel tal qual o conhecemos. Ou onde marmanjos não tomam Coca-Cola porque a marca é vermelho e branca. E tudo por causa do futebol.
Em Porto Alegre, a pior ofensa a um torcedor do Grêmio (cujas cores são branco, preto e azul) é ser confundido com um colorado, um seguidor do Internacional. Logo, vestir vermelho, nem pensar! Conheço um tricolor gaúcho que só vestiu a primeira peça com algum detalhe nessa cor aos 15 anos. A ojeriza vinha de berço. Papai e mamãe felizes na maternidade, chega a freira-enfermeira com o primeiro presentinho: um babador... vermelho. ´Pro meu filho, nãããããooo!´, avisou logo o pai. Tudo bem, eu também não desfilo de rubro-negro por aí despreocupadamente. Mas esse cuidado só vale para o day after de uma goleada ou da conquista de um título pelo Flamengo (arghhh!). Nos outros dias, encaro sem problemas.
Mas na capital gaúcha, tudo que é relacionado a futebol é superlativo. Se alguém que jamais pisou lá for vendado e jogado em um avião, vai saber rapidamente onde está. Se abrir o olho um minuto antes da aterrissagem e olhar pela janela vai ser saudado por um ´Bem-vindo à cidade do campeão do mundo´, em uma placa com um escudo do Grêmio à beira da pista de pouso. Os rivais já esfregam na cara deles o mesmo título há mais de um ano, mas o outdoor continua lá. Em qualquer shopping há um quiosque para os dois times venderem seus acessórios e camisas de todos os tamanhos, para homem, mulher, bebê.
Mas só percebi realmente como o bolso e o sangue (azul) de um gremista têm poder ao passar na frente do estádio Olímpico, sua sede. Os caras que mudaram as cores que vestem o Bom Velhinho desde 1866 - quando ele apareceu pela primeira vez de vermelho e branco em uma ilustração da revista americana Harper´s Weekly - podiam mais.
Na fachada do estádio e abaixo da arquibancada, naquelas placas publicitárias, a Coca-Cola brilha. Em preto e branco. Dá só uma olhada em http://www.gremio.net/news/view.aspx?id=1684. Ah, no Inter o esquema se repete. O azul do Banrisul, o banco do estado, virou vermelho no Beira-Rio.
sábado, 26 de janeiro de 2008
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