domingo, 23 de março de 2008

A banca pornô

Foi numa esquina movimentada de Buenos Aires, mas bem que poderia ser aqui no Rio.

Era véspera do primeiro dia de férias e o chefe pediu para ontem uma tarefa que ela acreditava ser para dali a dois meses. Teve que trabalhar até as 23h, não havia remédio. Ih... e a encomenda importante para levar na viagem? Já estava até paga. O jeito foi pedir à vizinha para pegar o pacote para ela.

Solícita, a amiga aproveitou que o marido descera com um amigo para comprar bebida para o jantar e terceirizou a tarefa.

- O quê? Você tá me zoando?

- Não, não é piada. É isso mesmo que você ouviu. É na banca aí da esquina. O cara já está esperando ir alguém lá pegar a encomenda.

Os amigos pararam em frente à banca, minuciosamente descrita minutos antes. Era ali mesmo. O estabelecimento também se dedicava a outras mídias além da impressa, outros negócios, digamos. As paredes estavam forradas com DVDs eróticos piratas. Entre anões pervertidos, maratonistas sexuais e afins, pergunta o marido:

- Che, ficou pronta a cópia do 'Chicken Little' e do 'Corcunda de Notre Dame', da Disney? É para aquela moça do 200 que sempre compra desenhos animados aqui.

O jornaleiro olhou para o amigo do cara, sério e vestido de terno e gravata, e despachou logo a dupla enxugando uma gorda gota de suor que escorria pelo pescoço.

- A gente não faz isso aqui, não.

Chicken Little e o Corcunda já não estavam mais ali há algumas horas. Foram fazer companhia a astros pornôs nacionais no porta-malas de um policial das redondezas.