quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Salsa com luvas de boxe


A boa da noite era sair pra dançar em Medellín. Lá fora, chuva e friozinho. Lá dentro, palmeira de plástico, areia e barraca de praia na recepção. Mulheres ganhavam colares havaianos e homens, chapéus de palha que estavam mais pra festa junina que pra clima praiano. No som, só salsa e reguetón. Como na época estava muuuuito na onda latina, tava bom pra mim. Parecia uma danceteria como as daqui - fora as músicas, claro.

Estava enganada.

Eu, três amigos colombianos e um gaúcho, nos sentamos em uma mesa bem em frente ao que parecia um pequeno bar. Era o Oxybar, que vinha com um subtítulo: Recárgate (recarregue-se). Vendiam doses de oxigênio. Você sentava e uma mocinha sexy colocava aquele tubinho em forma de arco e com duas entradas para as narinas. É esse aí mesmo que você está pensando, o dos hospitais, aquele que colocam nos moribundos. Mas, como marketing é tudo (o ´produto´ era oferecido em uns tubos borbulhantes de cores vibrantes), havia clientes. Que onda cheirar oxigênio assim provoca, não consigo imaginar. Eu é que não ia gastar meus pesos colombianos comprando ar!

Mas o mais estranho ficou pra madrugada. Durante a noite, o locutor não parava de convocar as boxers para o confronto. Ofereciam um dinheirinho para quem se animasse. Como lá havia um monte de dançarinas de shortinho pensei que elas iam subir no ringue. Que era só para criar um suspense, que era um show (bizarro) da casa. Que mulher faria isso numa danceteria? Preferiria ficar sem a resposta. Mas como vocês podem ver na foto acima, duas moças que pagaram entrada pra estar ali se animaram. Vestiram as luvas e o protetor de rosto, morderam o de dentes (era ´profissa´ a coisa!) e foram à luta, literalmente. E devem ter sido incentivadas pelos namorados. Porque pra topar subir ali para sair descabelada, amassada e suada só já estando com a companhia garantida, vamos combinar.

Ah, também sorteavam um carro.