Sou anacrônica. Amo receber cartas, mas desde que a Internet virou artigo de primeira necessidade, escrever e enviá-las virou excentricidade. Pratiquei com regularidade o hábito com minha família quando vivi em Madri, em 2004. Meu pai até fez um e-mail, fofo, só para se comunicar comigo. Mas não pegou intimidade com a coisa.
Cabia a minha mãe manter o vaivém de envelopes em dia. Além de notícias de casa, chegavam as do Brasil, através de revistas e jornais que paravam na soleira da minha porta. Eu mandava também umas fotos em papel de vez em quando.
Mas minha mãe se superou nas surpresas via Correios. Estávamos perto da Páscoa, fazendo mil planos de viagem quando um envelope retangular e recheado chega às minhas mãos, trazendo um pouco da minha casa para a Espanha.
Era um pedaço de amor e saudade em forma de barra de chocolate.
domingo, 2 de março de 2008
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